A VINGANÇA DO CENTAURO
OU O DESTINO DE HÉRCULES
(Mitologia Grega em cordel)
Peço a Zeus que me oriente
Para que eu possa falar
Da Mitologia Grega
Sem nos Mitos tropeçar.
Que possa falar bonito
Para ao leitor agradar.
A estória aqui exposta
Tem como tema a vingança
Do centauro feio, Nesso,
Que, cheio de ódio, lança
Sobre Hércules, sua ira
E como sua meta alcança.
Começo a estória, falando:
Das paisagens de terror
Onde habita o centauro;
Da espécie do seu labor;
De como é ele, e porque
Todos lhe têm horror.
E sigo contando tudo
Do modo que ocorreu
Com Hércules e Djanira,
E o desfecho que se deu.
Mas,se quer saber o resto,
Leia! E veja quem venceu.
NESSO e o falso filtro do amor
O rio Eveno está sujo:
Bóiam, em si, animais
Afogados, plantas mortas,
Representando sinais
De que ele será palco
De tragédias colossais.
Pois Nesso, o centauro feio,
Que em suas margens mora,
Meio homem e meio cavalo,
De alma humana, que deflora
Com violência as mulheres,
Apaixona-se agora.
Transportando os viajantes
De uma margem a outra do rio
Sem que ninguém lhe agradeça
Devido ao seu ar sombrio.
Nesse dia, Dejanira
Provocou-lhe um desvario.
Com o amor furioso
Que lhe é peculiar,
Violentamente ele tenta
Com Dejanira transar.
Esta grita. E surge Hércules
Que a ouve, e a vem salvar.
Pegando, rapidamente,
Seu arco e mirando a meta,
Com um disparo certeiro,
No peito de Nesso a seta
Enfia. E este, no fim,
O seu veneno ainda injeta.
Moribundo, à amada pede,
Com o seu ar fingidor,
Para recolher seu sangue
Que diz: - É o filtro do amor!
Um ungüento que traz de volta
O marido traidor.
- Basta que quem o possua
Use-o da forma a seguir:
Unte o corpo do marido
Quando este, um dia, trair.
E Dejanira acredita.
Mas ele está a mentir.
Embebido num retalho,
Dejanira traz consigo
O sangue do moribundo
Que imagina, agora, amigo.
Sem saber que está retendo
A vingança do inimigo.
E Hércules, enquanto isto,
Está sendo procurado
Pois alguém, infamemente,
Diz que ele é acusado
De ter praticado um crime.
E está desesperado.
O rei de Ecália, seu mestre,
Que o ensinou a usar,
Na infância, o arco, agora
O está a acusar
De ladrão de gado. E Hércules
Foge para o não matar.
Contudo, Ífito, o filho
Do Soberano, irá
Em busca do herói. E este,
Dele, não se livrará.
Em luta, o enfrenta e mata-o.
O seu crime expiará.
Para a Corte de Ceíce,
Na Traquine, levará
Sua amada Dejanira.
E, assim que chega lá,
Pede ajuda a Ptonisa
Mas ela lhe negará.
É que ele sabe, em verdade,
O que o deus tem em mente
E que poderá alcançar
O seu perdão. Ele o sente.
Entretanto, a Ptonisa
Nega veementemente.
Deverá o herói, assim,
Com sua culpa ficar.
E pelo resto da vida,
Como carga, carregar
O pesado fardo que Juno
Deu-lhe, para o seu azar.
Irritado, e possuído
Pela loucura enviada
Por Juno, esposa de Zeus,
Tendo a vida atormentada:
Hércules quebra o santuário.
A Ptonisa é roubada.
Então, Apolo, zeloso
Com sua Sacerdotisa,
Furioso, assistindo
A tudo, à Terra desliza,
Atraca-se com o mortal,
Com raiva. Dá-lhe uma pisa.
Porém, do alto do Olimpo
O grande Júpiter, também,
Vê o combate, e se lança
Da sua morada, e vem
Para o meio dos mortais,
Diante de Si, ninguém.
Com sua autoridade,
Ordena a separação:
Fazendo um se desculpar,
Do outro e apertar a mão.
Faz que Apolo mostre a
Via da purificação.
Ser vendido como escravo,
Em sentença, caberá
A Hércules. E por três anos,
Como escravo ficará
E o dinheiro da venda
Para o rei da Ecália irá.
O filho de Júpiter, agora,
Propriedade vai ser
Da rainha Ônfale, que o leva
Consigo, e que irá fazer
Da sua vida um inferno
Que só vendo para crer.
Ela o humilha de forma
Que o faz sentir-se um nada,
Com a escravidão penetrando
Na sua alma humilhada
Como se fora um mal
Ao qual fora condenada.
Leva-o a trabalhar a terra
E aos rebanhos pastorear.
Aos inimigos de Ônfale,
Como seus, considerar.
E, vestido, de mulher,
A roca irá manejar.
E ainda, o que é pior,
O deus ainda fará
Que ele ame a sua dona
Numa paixão que será
Feita de ânsia e fraqueza.
O que mais o humilhará.
Mas os três anos se vão.
Era cativa acabada.
No entanto, a liberdade,
Com tanta ânsia esperada,
Dói, quando ele se despede
De Ônfale, sua dona/amada.
Com a vingança em mente,
Em seguida partirá.
E numa guerra sangrenta
A Ecália sitiará.
Cerca o palácio do rei
Êurito, ao qual matará.
Não só o rei ele mata,
Mas tudo o que é descendente.
Apossa-se da viúva
Do inimigo. E, assim, sente
Que, enfim, está vingado.
E isto o deixa contente.
Enquanto isso, em prantos,
Na corte de Ceíce, agora,
Dejanira aguarda Hércules
Lamentando-lhe a demora.
E se perguntando o porquê
Disso, outra vez ela chora.
-Se o seu tempo de cativo
Sob Ônfale já passou,
E a vingança contra Êurito
Também já se consumou!
-Porque Hércules não regressa?
Talvez não lembre que a amou.
Dejanira sobressalta-se
Com o coração apertado
Pela dúvida que cresce
De que Hércules, seu amado,
Tenha novo amor. Por isso,
Não tenha ainda voltado.
Medrosa, pois, de perdê-lo,
Decide: vai procurar
Licas, que com ele estava
Em todo e qualquer lugar.
Interrogando-o, obriga-o
A verdade revelar.
Sendo obrigado, ele diz
Tudo que ela perguntou:
-Hércules uniu-se à Íole.
Nova amada encontrou.
Vivendo feliz com ela.
Por isso é que não voltou.
De início, Dejanira
Ao seu sofrer se entregou.
Depois, lembra que o Centauro,
Nesso, ao morrer, lhe deixou
O seu sangue em um pano,
Dizendo: - É o filtro do amor.
Chega a oportunidade
Que ela tanto esperou.
Com uma mensagem de Hércules,
Que, por alguém, lhe enviou:
Queria que lhe mandasse
Uma veste nova. A mandou.
A veste que ele pedia
Era para o mesmo usar
Na consagração a Júpiter
De um grande e belo altar.
Nela, Dejanira iria,
O filtro do amor, usar.
Na túnica nova a esposa
De Hércules, pois, esfregou
A mágica porção que Nesso,
Ao morrer, lhe ofertou.
E ao marido distante,
O traje ela mandou.
Agora o que lhe resta
É tão somente esperar
Que ele retorne correndo,
Vibrando de amor pra dar.
Ela tem toda a certeza!
Isso não vai demorar.
Enquanto isso, o marido,
Que de nada desconfia,
Recebe a túnica, vestindo-a,
Pois logo iniciaria
A cerimônia do altar
Que a Júpiter se oferecia.
É o começo do fim.
Pois o pano umedecido
Com o veneno de Nesso,
Ao corpo fica aderido,
Penetrando-lhe à pele.
Deixando-o enlouquecido.
Não era o filtro do amor
Que o centauro vingativo
Entregara a Dejanira,
Era o seu ódio ativo:
A morte, com que Nesso, morto,
Presenteia a Hércules, vivo.
Hércules enlouquecido
De dor tenta arrancar
De si a roupa maldita!
No entanto ao puxar
O tecido em si aderido,
Sua pele vai rasgar.
E a carne despedaça-se
Com a roupa envenenada.
Suas entranhas, em fogo,
Estão sendo devoradas.
Não existe salvação.
Sua vida está acabada.
À presença de Dejanira,
Aos gritos, é o herói levado.
Mas não era assim que sonhara
Receber o esposo amado
Que, ardendo, se lhe apresenta
Totalmente transtornado.
O sofrimento de Hércules
Mui fortemente feriu
Dejanira e, não podendo
Ver seu sofrer, decidiu
Suicidar-se. Ali mesmo
Aos seus pés ela caiu.
E no fogo, lentamente,
Fina-se Hércules, na dor.
Mas, usando a lucidez,
Que vem, no momento, à flor
Da sua mente, ele, a Hilo,
Pede um último favor.
Suplica que este espose
Íole, deixando-a amparada
Durante o resto de vida.
Protegendo, pois, a amada,
Já que ele não poderá,
Por ela, fazer mais nada.
Depois pede para alguém
Acender-lhe uma fogueira
Para que possa expressar
Sua hora derradeira,
Fugindo ao fogo invisível.
Com a terrível queimadeira.
Mas ninguém quer atender
Seu pedido, quase prece.
Porém, enfim, seu amigo
Filocfetes, compadece(-se):
Acende a pira, onde Hércules
Se joga. E, assim, fenece.
Ante os olhos perplexos
Da multidão assustada,
Hércules joga-se nas chamas.
E aí, uma trovoada
Enche o espaço. E o herói
Morre sem falar mais nada.
Do fogo, ele sobe ao Céu,
Numa nuvem que o levará
Aos deuses do Olimpo,
Em frente aos quais estará
Júpiter, seu pai querido,
Que o imortalizará.
E além de imortalizá-lo,
De Hebe, a mão lhe dará,
Como esposa divina.
Enfim, Juno esquecerá
A velha inimizade.
Como filho, o acolherá.
Terminou sua loucura.
Finalmente se cumpriu
O seu destino maldito...
Finalmente Hércules viu
Sua falta perdoada;
Juno, sua amiga tornada.
E como imortal, sorriu.
Fim
Rosa Regis