Sem noção de amor fraterno// O homem agride o irmão,// Num ato que mostra o inferno// Que traz no seu coração.
Rosa Regis Brincando com os Versos
Pensares que se transformam //espalhando poesia, //pegam carona no vento// enchem meu ser de alegria
Textos
BRINCANDO DE CASINHA
Rosa R.Regis - Natal/RN (um dos capítulo de um livro de contos, LEMBRANÇAS, ainda não editado: Assim como: "Lembranças",que dá nome ao mesmo, e " Sorte do Sapo".

     Um novo dia surge e novas brincadeiras são criadas e acrescentadas às já existentes. O cavalo de pau, formado por uma vara de marmeleiro ou por um velho cabo de vassoura, já não é suficiente. Zezito cria um novo cavalo. Zezito, é um artista na extensão da palavra! Ele faz, com o tronco da palha do coqueiro, um pequeno cavalo com a cabeça bem delineada onde modela as orelhas, os olhos, a boca, as narinas,... numa perfeição incrível. Faz os arreios com fibra de agave; o protetor do lombo do cavalo, o esteirote, com junco; a cangalha com dois pequenos galhos em ípsilon (Y), papelão e tecido, que dão o acabamento final; os caçuás com cascos de caranguejo perfurados, que serão pedurados à cangalha e servirão para o transporte das "mercadorias" que levará aos domingos para vender na feira como fazem os adultos. Além disso, cria também uma pequena cabeça de cavalo, com um acabamento ainda mais perfeito, considerando-se a dificuldade do trabalho, tendo em vista o tamanho da mesma, e põe no seu cavalo de pau, antes sem cabeça. Arreia-o com cabresto e brida tão perfeitos como eu jamais vi outra pessoa fazê-lo. E ele é o "pai". É o "dono da casa". É a personagem que trabalha na roça, vai à feira vender o produto do seu trabalho e fazer as compras de mantimentos para o sustento da família, mantimentos esses representados por frutos silvestres, comestíveis ou não, que irão para as panelinhas de barro manufaturadas pelas meninas do lugar,que se utilizam do "barro de louça" existente próximo ao Rio do Jerimum - pequeno córrego que corta o lugarejo de mesmo nome, onde moram - onde cozerão, de mentirinha, em fogo imaginário, num fogareiro improvisado com três pedras (Paralelepípedo ou coisa que o valha, como bolões de barro, por exemplo)às quais denominavam "trempes" (como ouviam chamar em casa) e que formavam o suporte para as panelas onde se preparavam as comidas cozidas ao fogo de lenha de forma geral.
     E os meninos, que seriam os maridos e pais das bonecas que representavam os filhos, passavam a maior parte do tempo - quando brincavam com as meninas na brincadeira de "dona-de-casa", correndo montando o seu cavalo-de-pau. Enquanto as meninas varriam e arrumavam a "casa" (local que escolhiam para brincar e que muitas vezes eram espaços sob pequenas árvores copadas), "cozinhavam" a "comida" e "cuidavam" dos "filhos" - as bonecas que sempre carregavam consigo.
     Eu era feliz! E tinha consciência disso!
Rosa Regis
Enviado por Rosa Regis em 25/04/2006
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