O INFERNO NO "SERROTÃO"
A bala zunia na escuridão.
Quem começou tudo? Foi José?... foi João?
Foi algum bandido ou foi alguém da guarda?
Porém, no escuro,
niguém sabe quem deu início a luta
que, em si, resulta na morte de alguém.
Quem morreu? Quem matou?
Ninguém sabe quem.
Quem morreu, nada era. Quem matou, também.
É...
é assim a vida, nesse "inferno terreno"
que nivela e trucida o grande e o pequeno.
Num inferno de nervos que faz estremecer
o corpo do "fraco", com o temor de morrer.
E o corpo do "forte", metido a "machão",
também treme de raiva em meio a tensão.
...
Mas, chegando o domingo, dia da visita,
recebe, fingindo, de cara bonita,
um cônjuge... um parente... que nele acredita.
É o "dia do encontro"
que não quer estragar com as suas queixas, com o
seu mal-estar.
E... uma paz que não sente consegue passar.
Porém o Domingo acaba. E então,
encerrando a visita, começa a tensão:
O inferno fervilha! Tudo é armadilha.
Oh, vida de cão!!
Por: Rosa Ramos Regis - Campina Grande/PB - em 31/08/2003(em visita ao Presídio:"Serrotão").
Editado pela Antologia Literária - Volume 4, da Sociedade do Poetas Vivos e Afins - SPVA/RN, em Natal/RN - 2005.
Rosa Regis
Enviado por Rosa Regis em 05/05/2006
Alterado em 08/10/2015