MYTHOS
A MITOLOGIA GRECO/ROMANA RECONTADA
(numa pretensão cordelística - há quinze anos).
INTRODUÇÃO
Antes de tudo era o caos.
É assim que se inicia
Este pretenso trabalho
Que eu, na minha ousadia,
Penso fazê-lo. Diverso
Do que se faz dia a dia.
É um trabalho que trata
De deuses da Mitologia
Onde o Mito representa
Verdade e fantasia
Que, a nós mortais, transmite
Uma espécie de euforia.
Faz um pequeno resumo
De como os deuses viviam:
Da sua imortalidade,
De como eles se sentiam
Em relação aos mortais
E de como estes reagiam.
De início, fala do Caos
Que Érebo e Noite gerou.
Seguindo, numa seqüência,
De tudo que se criou
Segundo a Mitologia.
E dos seres que nomeou.
Fala de deuses famosos,
De semi-deuses também;
De mortais que imotalizam
Pela ligação que têm,
Direta, com algum deus
Do qual adquirem o bem.
Fala das lutas constantes
Nas quais está sempre alguém:
Um herói que nada teme
E que ao seu lado tem,
Por vezes, um deus que o ajude
Quando a necessitar vem.
Fala de deuses traídos
E das suas traições;
Do que eles são capazes
Das deusas – suas reações
Que, quanto mais poderosas
Mais duros seus corações.
...
Começando pelo Amor:
Eros – o amor-paixão,
Passando por Júpiter ou Zeus
Chega a Juno ou Hera, então.
Em seguida, Ceres/Deméter
Mãe do cavalo Arião.
Logo depois vem Plutão:
Hades – deus do submundo
E Netuno ou Poseidon:
Do Oceano profundo
E Vênus ou Afrodite:
A beleza representando.
E aí, Minerva ou Atená
Que só de Júpiter nasceu,
Vulcano ou Hefestos, que Hera
Ou Juno, só, concebeu
E Mercúrio ou Hermes, filho
Bastardo de Maia e Zeus.
Vem Apolo, deus da Luz,
Filho de Zeus e Latona
E Diana, sua irmã
Que, Artemis, também se chama
E Baco, o deus do vinho
Que, do Inferno, a mãe retoma.
Em seguida vem o Marte
Ou Ares – o deus da guerra
Seguindo, bem te pertinho,
Por Heracles, que encerra
Um trabalho resumido
Que, mesmo sendo comprido
Em páginas, pode ser tido
Por pequeno. E não se erra.
ANTES DE TUDO ERA O CAOS
Antes de tudo era o Caos:
Massa uniforme e rude
Sem calor, sem claridade
Sem idéia de altitude,
Misturando-se Mar e Terra
Numa agitação – numa guerra
Dos princípios que ele encerra:
Os opostos a quem alude.
É uma luta constante:
Do frio contra o calor;
Da umidade contra a seca,...
Até que um ordenador,
Um deus que emergiu do Caos,
Definiu e harmonizou
Tudo, inteligentemente,
Com soberania e Amor.
Porém ficou, para sempre,
Como um fogo de monturo,
A centelha do conflito
Que atinge aos inseguros
Seres gerados do caos
Que produzem bons e maus:
Deuses do reino infernal
Que intervém no futuro.
O MYTHOS E AS DIVINDADES PRIMORDIAIS
A ORIGEM DE TODAS AS COISAS1
No princípio, era o Caos
Que Érebo e a Noite gerou.
Da Noite, Éter e a Luz do Dia.
Depois, Terra e o Deus do Amor:
Eros, que domina a todos
Desde o escravo ao senhor.
A Terra, matreiramente,
Um ser para si criou:
O Céu que, cheio de estrela,
A cobriu e iluminou
E, aos deuses, como base
Segura, ela o ofertou.
Para morada das deusas
No mundo, também criou
Altas e belas Montanhas,
E em belas moradas tornou
Montes e vales, aos quais
Com as Ninfas povoou.
Fez o mar infecundo, Pontus,
De furiosos vagalhães,
Sem ajuda do terno Amor
Mas, depois, com as sensações
Dos braços do Céu, gerou
Oceanos de profundos turbilhões.
Os Turbilhões Profundos dos Oceanos chamavam-se:
Ceo, Crios, Hepérion, Iápeto, Téia, Réia, Tênis
Mnemósine, Fébe (coroada de ouro) e a amável Tétis
E depois deles, veio Cronos,
O caçula. Muito mau!
O mais temível de todos
E que odeia o próprio pai.
Em seguida vêm os Cíclopes
Que a violência em si traz(em).
São eles: Brontes, Estérope,
Argés, de alma brutal,
Que se assemelha aos deuses
Quase que no seu total
Não fora o seu único olho
Que faz diferencial.
Este é portador da força,
Destreza, e grande vigor
Que compõe todos seus atos
E o faz sempre um vencedor,
Só perdendo para Ulisses
Quando o seu olho furou.
Outros três filhos geraram
O Céu e a Terra unidos
Coto, Briareu e Gias,
De orgulho possuídos,
Que portam em si grande força
Mas, não muito conhecidos.
A Noite gerou a Morte
E a negra Quere, gerou.
Gerando também a Tánatos.
Ao sono, a Noite engendrou,
Engendrando também, sozinha
Os sonhos que a povoou.
Em seguida gerou Sarcasmo
E Aflição, a dolorosa;
E as Hespérides, as guardiãs
De personagens famosas:
O ilustre Oceano
E os belos Pomos de ouro
Com as árvores d’onde estes brotam:
Viçosas. Maravilhosas!
E R O S / A M O R
POBREZA(PÊNIA) E RECURSO(POROS)
GERAM O AMOR(EROS)
O Olimpo está em festa
Com os deuses a farrear,
É a chegada de Afrodite
Que estão a comemorar.
É a deusa do Amor que nasce!
Alegres, eles têm que estar!
Mas, eis que, no fim da festa,
Surge na porta alguém
Que, faminta, vem mendigar
Algo p’ra comer. E é quem?!
A Pobreza, Pênia! No entanto
Algo mais forte a detém.
E antes mesmo que possa
Esboçar qualquer ação
Para dirigir-se à mesa,
O filho da Prudência, então,
Poros, o Recurso, bêbado,
Atrai a sua atenção.
Pois Poros, embriagado,
Se afasta dos imortais,
Deita-se no jardim de Zeus
E em pesado sono cai.
E Pobreza, pensando rápido,
Um filho lhe subtrai.
É Eros, o Amor, gerado
Do Recurso com a Pobreza
No dia do nascimento
De Afrodite, a deusa
Do amor, e fica sendo
Sempre servo da Beleza.
A herança de Eros
Herda, da mãe, a carência
E o destino de andarilho;
Do pai, coragem e energia,
E, decidido, segue o trilho
Da Beleza e da Bondade,
Ávido que é por seu brilho.
Não é mortal nem imortal.
É uma herança que ele traz.
Ora germina e vive;
Ora morre. E o que é demais:
Em seguida, ele revive!
Com o que herdou de um dos pais.
Marcado pela carência
Que, de Pênia, sua mãe, herdou,
Eros não é sábio, porém
Pelo saber tem amor.
E isso o faz esforçar-se
Para ser um conhecedor.
-
E o deus do Amor filosofa!
Transcendendo ao que herdou.
J Ú P I T E R / Z E U S
(Seus dons:
Proteção, Disciplina, Justiça)
JÚPITER, O FILHO DE CRONOS E RÉIA
Olhos pregados no escuro
Do Mundo, sem poder dormir,
Vive Cronos, preocupado
Com o que irá advir.
Se mãe Gaia profetizou!
Não poderia impedir.
Um dos seus filhos seria
O seu real sucessor.
O seu trono usurparia.
Irado, Cronos ficou.
E depois de planos e tramas
A solução encontrou.
Confuso e temeroso,
De repente, estremeceu!
Lá dentro da sua mente
Uma luzinha acendeu.
E sem nada dizer a Réia,
Tomou-lhe o filho e o comeu.
Era o seu primeiro filho
Com Réia. E outros viriam!
Porém, da pobre mamãe,
Nenhum carinho teriam!
Pois, todos, ao covarde Cronos
De alimento serviriam.
A decisão de Réia
Cansada a esposa estava.
E muito infeliz vivia.
Precisava salvar o filho
Que em seu ventre trazia!
E procurou a sábia Gaia
Que um plano lhe traçaria.
E no momento do parto,
Com o seu jeito de mulher,
Réia ilude a vigilância
De Cronos, e vai se esconder
Nos densos bosques de Creta,
Onde Zeus vem a nascer.
E enquanto Gaia, a Mãe Terra,
Numa caverna acolhia,
Em seus braços, o menino,
Réia, para casa, corria,
Temendo a fúria do esposo
Mas vibrando de alegria!
Cronos poderia vir
A tomar conhecimento
Da trama que preparara!
Porém naquele momento
O amor ao filho é maior
Que tudo!... e lhe dá alento
Além de lhe dar coragem
Para prosseguir. E então
Réia, sem titubear,
Pega uma pedra no chão,
Enrola-a e entrega-a a Cronos
Que a engole de supetão.
Cumpre-se a promessa de Gaia
A mãe de Zeus suspirou
Pelo alívio que sentiu:
Salvara o filho da morte.
No entanto, garantiu
O selo do Profecia
Que a mãe Gaia proferiu.
Pois esta, profetizando,
Dissera que em próximo dia,
O último filho de Cronos
Seu reinado tomaria
E, para sempre, no trono
Do mundo se instalaria.
E a profecia cumpriu-se:
Zeus, ao crescer, se aliou
Aos seus irmãos e aos monstros
Que dos Infernos tirou,
E, na partilha do Mundo,
Dono de um saber profundo,
O Céu e a Terra herdou.
O homem tem que ser justo e racional
É Zeus quem ensina aos homens
O caminho da razão
E que é só através da dor
Que estes conseguirão
Chegar ao conhecimento
Verdadeiro. Mas, terão
Que fazê-lo pessoalmente!
Pois Ele a tudo consente,
Sem tomar-se de emoção
-
Não que Ele fique impassível.
Mas que, para ser possível
Ao homem uma ascensão,
Este terá que seguir
Seu caminho sem ferir
A Justiça e a Razão.
J U N O / H E R A
(Personificação do elemento
fundamental da família)
JUNO ESPOSA JÚPITER(ZEUS)
E REINA NO OLIMPO
Muito criança ainda era
Quando a mãe, Réia, a deixou
Aos cuidados de Tétis
E das Horas, por amor,
Pois, de Saturno comê-la,
Tinha verdadeiro pavor!
Já que a todos, menos Zeus,
Seu marido devorou.
E distante do perigo,
Como seu irmão, cresceu.
Um dia, no esconderijo,
A visita recebeu
Dele, do seu irmão Júpiter
Que, em si, é o mesmo Zeus:
Senhor do Olimpo e da Terra
Que ao pai, em luta, venceu.
E, juntos, confabularam
Durante horas e horas,
Lembrando o triste passado
E prevendo coisas vindouras
Que lhes trariam alegrias
E espantariam o que ora
Nublavam os belos olhos
De Hera(Juno), que chora.
Júpiter está apaixonado
Juno está-se sentindo
Feliz junto ao seu irmão!
Porém este, apaixonado,
Faz-lhe uma declaração
De todo amor que nutria
Por ela – uma paixão
Á qual ela, temerosa
De ser mais uma, diz não.
Júpiter (Zeus), inconformado,
Todas as táticas tentou
Lhes resultando inúteis,
Pois, grande conquistador
Que era, Juno o rejeitava,
Não crendo no seu amor.
E, assim, sem saída, Zeus
Uma cilada lhe armou.
Tornou-se um cuco, e assim,
Como um pássaro friorento
E triste, foi visitar
A irmã que, no momento
Que o viu, enterneceu-se
E lhe ofereceu alento
Aquecendo-o nos seus seios,
Como, dele, era o intento.
Juno é violentada por seu irmão
que repara a falta cometida
Quando Juno percebeu
Que tinha sido enganada
Já era tarde demais!
Já fora violentada.
Aí, pede ao seu irmão,
Bastante envergonhada,
Que ele limpe-lhe o nome.
E a falta é reparada.
Pois, imediatamente,
Zeus a ela prometeu
O que ele mais queria:
Casar. E isso se deu
Com uma bela cerimônia
Aonde compareceram
Todos os deuses. E à noiva,
Presentes ofereceram.
Juno recupera sua virgindade
e ganha um trono de ouro
Quando do término da festa,
O casal se retirou
Para uma noite de núpcias
Que muito tempo durou:
Trezentos anos terrenos.
Mas quando a deusa chegou,
Banhou-se na fonte de Cánatos,
Em Náuplia, e virgem ficou.
Em seguida, para o Olimpo,
Com o esposo, se passou,
Ficando ao lado de Zeus
O absoluto Senhor,
Onde iria reinar
Com esplendoroso fulgor
Sentada em trono de ouro
Que, ao casar-se, herdou.
C E R E S / D E M É T E R
(Deusa da fertilidade da terra,
das colheitas e da civilização )
A C O N Q U I S T A
Netuno, com olhares divinos
E doces juras de amor
Perde-se no brilho das tranças
De Ceres, que o rejeitou.
Suas súplicas e ofertas
Em nada, nada, abalava
Ceres, a filha de Cronos
E Réia, que o rejeitava.
A tudo, ela respondia
Com a fuga e o silêncio,
Deixando o apaixonado
Num sofrimento imenso.
Entretanto, Poseidon2,
O deus dos mares, não aceita
A recusa de Deméter3.
O não dela ele rejeita.
E a persegue entre as hortas
E pomares que ela vigia.
E esta, para escapar-lhe,
Por égua se passaria.
Com um bando de cavalos
Que pastavam por ali,
Deméter se misturou
Para, a Netuno, iludir.
Porém, Poseidon, esperto,
Logo, logo descobriu!
E transformando-se num cavalo,
A Ceres, então, se uniu.
A mágoa de Ceres
Isso magoou a deusa,
Que o Olimpo abandonou.
Abandonando seus pares
Para carpir sua dor.
E do nectar e da ambrosia
Que com eles compartilhava,
Ceres, pois, se desfazia.
E nada dali levava.
Desta forma, pela Terra
Ela passou a espargir
Sua ira, o seu furor,
Sem ver quem iria ferir.
Ceres purifica-se
Cansada, porém, de agir
De forma tão diferente
De si mesma, ela decide
Deixar de agir mal pra sempre.
E os seus gestos irritados
Um dia ela abandonou
E lançou-se às águas do rio
Ladão, que a purificou.
Pois as águas desse rio
Tinha o precioso poder
De fazer mágoas, vergonhas,...
Tudo!... desaparecer.
E o ódio a Posseidon,
Ali, Deméter deixou!
E limpa, purificada!
Ao Olimpo retornou.
Os filhos de Netuno e Ceres
Mas, dentro de si, do deus,
Dois filhos Ceres levou:
Uma menina, cujo nome
Poeta algum registrou.
O outro filho: um cavalo
Ao qual chamou Arião,
Que falava e que previa
O futuro - bom ou não.
...
E na crina do seu filho,
Negra, bela, luzidia!
Quando agitada ao vento,
A doce Deméter via
A lembrança d’uma união
Sem glória ou satisfação,
Que a fez sofrer um dia.
.
Rosa Ramos Regis
Natal/RN - 2004
.
.
(Parte de um trabalho final da Disciplina
História da Mitologia Grega - na UFRN, no
Curso de Filosofia - Bacharelado em 2004)