A EDUCAÇÃO E O CORDEL
NO BRASIL COLONIAL
Por Rosa Regis
Uma introdução
A Fessôra Maria Emílha
Montêro Porto me fei,
Prumode eu faze cordé,
Um convite – e aceitei.
Isso já fai argum tempo:
Taivei mai de quato mei!
Já tinha inté misquicido
Do convite pro cordé
Quando, um dia, futucando
Os meus i-mei, dei fé
Dos i-mei da fessorinha
E, de sentada, pui-me im pé.
Eita, danado! E agora?!
Tasquei o i-mei pra mué!
Mai ela, lá nas Oropa,
Cuma quem qué e num qué,
Dixe: - Te acaima, Rosinha!
Cum caima tudo dá pé!
Mai eu, qui sô afobada,
Mandei brasa a pesquisá
As históra do Brasí
Logo dispôs que Cabrá
Discubriu a nossa terra,
Navegando pelo má.
Cuma ela mi pidiu,
Enton-se eu tasquei a mão
A pesquisá pra sabê
A foima de educação
Qui os portuguei apricaram
Nos índios nossos irmão.
E nos nêgo, qui tiveram
Seu vivê modificado,
Quando foram, à força bruta,
Da sua terra arrancado
E que, além de apanhá muito,
Dormia acorrentado.
E istudei a curtura
Herdada de Portugá,
Que o nosso povo aproveita
A vessejá e a rimá,
Contando as aventura
Im terra e, tomem, no má.
E vô passá pra vocei,
Agora, o meu cordé
Qui fii im linguage curta.
Cê sabe cuma é qui é.
Nossa linguage matuta
Ninguém num aceita, né?
Rosa Regis
Natal, 17 de setembro
Acho que foi em 2009...