Sem noção de amor fraterno// O homem agride o irmão,// Num ato que mostra o inferno// Que traz no seu coração.
Rosa Regis Brincando com os Versos
Pensares que se transformam //espalhando poesia, //pegam carona no vento// enchem meu ser de alegria
Textos
O SANTO E A PORCA
de Ariano Suassuna 

(resumida em cordel)

 
A história de O Santo e a Porca narra a trajetória de um velho avarento conhecido como Euricão Árabe. O protagonista é devoto de Santo Antônio e guarda as economias de toda a vida numa porca de madeira. Ao receber uma carta de velho amigo, Eudoro, dizendo que este iria privá-lo do seu mais precioso tesouro, Euricão fica apreensivo pensando que Eudoro irá pedir-lhe o dinheiro que ele guarda na porca.  Caroba, a empregada da casa entende a situração: o tesouro à que o tal amigo se refere é Margarida, a filha de Euricão. O fazendeiro deseja pedir a mão de Margarida para seu filho Dodó que namora a mesma às escondidas...
 
Personagens:
 - Caroba
 - Margarida
 - Euricão
 - Dodó
 - Eudoro Vicente
 - Pinhão (noivo de Caroba)
 
      (O PANO ABRE NA CASA DE EURICÃO ÁRABE)
 
Euricão Engole Cobra
Era ele assim conhecido.
Devoto de Santo Antônio,
Tinha um ‘’tesouro’’ escondido
Num cofre em forma de porca.
Como usurário era tido.
 
Margarida, sua filha,
Sem que ele saiba, namora
Com Dodó, filho de Eudoro
Que muito a quer como nora!
Sendo amigo de Euricão
A ideia do enlace adora.
 
Escrevendo para o amigo
Lhe diz da sua intenção
De privá-lo do ‘’tesouro’’,
O seu bem do coração.
Eurico pensa: - É a porca
Que Eudoro tem na intenção!
 
Caroba a empregada
Da casa, já percebendo
A intenção de Eudoro,
Uma trama vai tecendo
Usando o temor de Eurico
Sem que este esteja vendo.
 
Diz que Eudoro vem pedir-lhe
A mão da mana querida
Que foi namorada dele
Na primavera da vida,
Benona, que nada sabe
Da tal trama concebida.
 
E depois, se aproveitando
Do medo que Euricão
Tem de perder seu dinheiro,
Combina uma comissão
Com ele, para ajuda-lo
Em sua nova missão
 
Que seria a de pedir
Uma ajuda ao seu cunhado,
Uns vinte contos de réis,
Não emprestado, mas dado,
Que usaria na festa
Pra celebrar o noivado.
 
Caroba, de Margarida,
Se disfarça, recebendo
Eudoro, que desconhece
O que está acontecendo.
Outro disfarce – é Benona
Que agora Eudoro está vendo.
 
Conseguindo que Eudoro
Se apaixone novamente
Por Benona, a empregada
Age conscientemente
Trancando o casal num quarto,
Fingindo-se de inocente.
 
Enquanto isso Euricão,
Com medo de alguém roubar
Sua porca, resolveu
Que a mesma iria enterrar
No cemitério, Porém,
Bem cedo, ao se levantar,
 
Não encontrou mais a mesma
No lugar que a escondera.
Pinhão, noivo de Caroba,
Com a mesma se escafedera
Alta noite! E a escondeu
No quarto da companheira.
 
Na busca por sua porca
Quando Euricão foi passando
No quarto de Margarida
Viu Dodô que, se egueirando,
Saía dali com ela...
O seu pensar foi nefando.
 
Pensou: - Foi esse sujeito
Quem a porca me roubou!
Nem maliciou da filha!
Logo a briga começou.
Os quartos todos se abriram
E então Pinhão falou:
 
- Se me der alguma coisa
Eu revelo onde encontrar
Sua porca! E Euricão
Decidiu-se por pagar.
Pinhão, descaradamente,
Lhe indicou o lugar.
 
Euricão pegou a porca
Abraçando-a convencido
De que fora Santo Antônio
Que lhe atendera o pedido.
Mas ficou desesperado,
Deprimido e revoltado.
O dinheiro era vencido.
 
          ............
E a lição que aqui foi dada:
Dinheiro não vale nada!

Só mesmo o amor tem sentido.

 
ROSA RAMOS REGIS
Natal/RN – 07.11.2018 – 01:46
Rosa Regis
Enviado por Rosa Regis em 08/06/2021
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