O “MIL E UMA NOITES”
(Inspirado no soneto PAR DE SAPATOS,
de Fernando Cunha Lima)
Um “mil e uma noites”, um “godê buraco”
Com uma faixa revessa, um belo laço dado,
Transporta-me, emocionada, ao meu passado,
Ao Sítio Jerimum, ao meu pobre barraco.
Lembro minha mãe a torrar café no “caco”,
Que me aconselha e diz para tomar cuidado
Com o João de Mariquinha, que é cabra safado,
E que eu não volte tarde, ou pai dará Cavaco.
Vejo o rio corrente, a tábua de lavar,
O “mil e uma noites” na grama estendido,
Molhado vez em quando pra poder coarar.
E aquele olhar de mãe, dorido, ressentido,
Que soube que o João andava a comentar
Os beijos que roubara à dona do vestido.
Rosa Regis
Natal/RN
22 de setembro de 2008